terça-feira, 18 de abril de 2023

Centro de mesa rosas em crochê file.














Lençol sujo


"Um casal, recém casados, mudou-se para um bairro muito tranquilo. a primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido

- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal!

Provavelmente está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!

O marido observou calado. Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido:

- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!

E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. Passado um mês a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis brancos, alvissimamente brancos, sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:

- Veja ! Ela aprendeu a lavar as roupas, será que a outra vizinha ensinou !? Porque , não fui eu que a ensinei.

O marido calmamente respondeu:

- Não, é que hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!

E assim é. Tudo depende da janela através da qual observamos os fatos. Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir; verifique seus próprios defeitos e limitações. Devemos olhar, antes de tudo, para nossa própria casa, para dentro de nós mesmos.

Só assim poderemos ter real noção do real valor de nossos amigos. Lave sua vidraça. Abra sua janela."


- Autor desconhecido

terça-feira, 11 de abril de 2023

Eu e meus botões


 

Amigumores coelhinhos






Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
 Entender é sempre limitado.

 Mas não entender pode não ter fronteiras.
 Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.

 Não entender, do modo como falo, é um dom.
 Não entender, mas não como um simples de espírito.

 O bom é ser inteligente e não entender.
 É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.

 É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
 Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.

 Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

                                                             Clarice Lispector

segunda-feira, 3 de abril de 2023

A lenda do Alecrim.

 

Dizem que quando a sagrada família fugiu para o Egito com Maria levando em seus braços o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que eles passavam por elas. O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu seu cálice. O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu lamentando não poder agradar o menino.

Cansada, Maria parou à beira do Rio e, enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas. Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las.

O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais.

Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao Sol durante toda a manhã.

- Obrigada, gentil alecrim! disse Maria. - Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não são apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus serão aromáticos. "Eu abençoo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria."